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ToggleAngola: MPLA Só Vai Ter Um Candidato Em 2027
O Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), partido no poder desde a independência em 1975 e fundado a 10 de Dezembro de 1956, assinalou hoje o seu 69.º aniversário com a inauguração da nova sede nacional em Luanda.
Este acto, presidido pelo líder do partido e Presidente da República, João Lourenço, simbolizou, segundo a vice-presidente Mara Quiosa, não apenas a abertura de um espaço moderno e funcional, mas também a vitalidade e a capacidade de renovação do MPLA. A cerimónia, efusiva e marcada pelas cores partidárias, reflectiu a confiança do partido no seu percurso e na sua capacidade de governar.
Neste contexto de celebração e renovação, João Lourenço abordou questões cruciais sobre a harmonia interna do partido, a futura liderança e a legitimidade dos resultados eleitorais de 2022, enquanto Boavida Neto, membro do Comité Central, reconhecia os desafios sociais e a importância da coesão.
Liderança e Coesão
Questionado sobre o surgimento de nomes com intenção de concorrer à liderança do MPLA no congresso de 2026, João Lourenço garantiu que tal situação “em nada belisca a harmonia interna do partido”, assegurando que a organização se mantém sólida em termos de unidade. O Presidente do partido afirmou que o processo eleitoral interno “será feito no respeito estrito ao que dizem os estatutos”.
Explicou que, embora as pessoas sejam livres de se apresentar como candidatos, a Constituição angolana determina que os partidos políticos só podem apresentar um nome ao Tribunal Constitucional para as eleições gerais e que o que ocorre antes, no processo interno, não constitui preocupação.
Lourenço acrescentou que a única certeza é que, em respeito à Constituição, o candidato do MPLA será apresentado ao Tribunal Constitucional, sendo uma questão de esperar pelo Congresso para a sua definição. O MPLA já teve uma liderança bicéfala após a eleição de João Lourenço para a Presidência em 2017, com José Eduardo dos Santos a permanecer líder do partido até 2019.
Contudo, as alterações estatutárias desse ano estabeleceram que o Presidente do partido seria automaticamente o cabeça de lista às eleições e consequentemente, o Presidente da República.
João Lourenço, no seu segundo mandato e impossibilitado de se recandidatar em 2027, não esclareceu o seu futuro político, mas afastou a possibilidade de uma futura liderança bicéfala. Boavida Neto, por seu lado, afirmou que a coesão interna é “um problema da consciência de cada um”, reconhecendo a existência de diferenças no partido.
A Nova Sede do Partido

A celebração do 69.º aniversário do MPLA foi marcada pela inauguração da nova sede nacional, uma infra-estrutura “imponente” construída em tempo recorde. Localizada na Avenida Ho Chi Minh, ao lado das antigas instalações coloniais, a nova sede possui nove andares destinados a acolher os principais órgãos de direção do partido.
A obra, projectada pela empresa Dar e construída pelo Pan-China Construction Group, foi concluída em apenas 11 meses, criando 1.188 postos de trabalho, 900 dos quais foram ocupados por angolanos.
Entre as melhorias mais relevantes, destacam-se um parque de estacionamento exclusivo para funcionários, um auditório de dois níveis para eventos e conferências e uma galeria histórica dedicada ao percurso do partido.
Mara Quiosa, vice-presidente do MPLA, descreveu a nova sede como um “centro de inspiração, trabalho e tomada de decisões estratégicas” que continuarão a determinar o destino do partido e do país.
A cerimónia inaugural contou com a presença de membros do Bureau Político, Comité Central, Conselho de Honra, primeiros secretários provinciais e militantes das organizações juvenil e feminina do partido, reforçando a mensagem de união e aposta em melhores condições de trabalho para os seus funcionários.
O Que Esperar do Futuro
João Lourenço sublinhou que o resultado obtido nas eleições de 2022, em que o MPLA perdeu em três províncias, não deve ser considerado menos positivo. Recordou que o partido venceu com maioria absoluta, conquistando 124 dos 220 lugares na Assembleia Nacional.
O líder partidário realçou que esta diferença confere ao MPLA uma folga considerável para governar com toda a legitimidade e que não se pode aceitar a ideia de um resultado menos bom. Insistiu que o partido venceu por maioria absoluta, uma situação que muitos partidos europeus não alcançam, dependendo da vontade de outras forças políticas.
Lourenço enfatizou que o MPLA governa com total legitimidade e que o resultado alcançado foi bastante bom. Boavida Neto, em declarações à imprensa, afirmou que o MPLA é uma força política empenhada em melhorar as condições da população e que pretende manter-se no poder para concretizar esses objectivos.
Admitiu a existência de problemas sociais, reconhecendo que as populações têm razões legítimas para reclamar e que o partido tem o dever de responder. Acrescentou que o mais importante é manter o foco na resolução desses problemas. Quanto às eleições gerais de 2027, Boavida Neto considerou que os processos eleitorais são um “barómetro, um processo dinâmico”.
Declarou que, actualmente, o MPLA está em ascensão e a UNITA em declínio, sublinhando que o povo é soberano e sabe o que quer, manifestando confiança de que os angolanos continuarão a fazer as escolhas certas.
Conclusão
A inauguração da nova sede e as celebrações do 69.º aniversário do MPLA em Luanda simbolizam um momento de renovação e afirmação para o partido no poder.
João Lourenço reforçou a solidez da sua liderança e a legitimidade dos resultados eleitorais, enquanto abordava os desafios internos e as perspectivas para o futuro político, reafirmando que, de acordo com a Constituição, o MPLA apresentará apenas um candidato às eleições de 2027.
A aposta em infra-estruturas modernas e a defesa da coesão interna procuram demonstrar o compromisso do MPLA em continuar a servir o povo e a nação, procurando manter a sua posição dominante na política angolana, mesmo perante os desafios sociais e a transição presidencial iminente.
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Imagem: © 2025 Ampe Rogério
