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ToggleÁfrica: Investimento De 35 MM € Em Gás/Petróleo
África vai beneficiar de um investimento superior a 35 mil milhões de euros, canalizado para a exploração de petróleo e gás, até 2026. Esta é uma das principais conclusões do relatório “Perspectivas sobre o Estado da Energia em África em 2026”.
O relatório, elaborado pela Câmara Africana de Energia (AEC), em conjunto com a Standard & Poor’s Global Commodity Insights, apresenta uma visão estratégica das tendências, oportunidades e desafios do sector energético africano e será apresentado na Semana Africana da Energia na Cidade do Cabo.
Segundo o relatório, a procura de energia no continente deverá quadruplicar, um crescimento que exige investimentos massivos no sector, incluindo mais de 17 mil milhões de euros em infra-estruturas de refinação até 2050 para responder ao aumento do consumo interno.
Os Investimentos Petrolíferos

“Os gastos mundiais com investimentos em exploração e produção devem atingir 504 mil milhões de dólares (432 mil milhões de euros) até 2026”.
“África vai contribuir com cerca de 41 mil milhões de dólares (35 mil milhões de euros)”.
“O destaque para os gastos vai para a prospecção ‘offshore’ em Moçambique, Angola e Nigéria”.
Lê-se na apresentação do relatório que será divulgado na Semana Africana da Energia (AEW, na sigla em inglês) que terá início na próxima segunda-feira, dia 29 de Setembro de 2025, na Cidade do Cabo.
No texto de apresentação do relatório, os autores explicaram que a procura energética africana deverá quadruplicar e os investimentos no sector energético atingirão os 54 mil milhões de dólares (46 mil milhões de euros) até 2030. A produção de petróleo no continente, perspectivada, deverá chegar aos 11,4 milhões de barris por dia (bpd) até 2026, sendo a lista encabeçada pela Nigéria.
Para além dos dados sobre a exploração, o relatório faz também uma análise do lado dos consumidores, prevendo que a procura africana por produtos refinados passe de cerca de quatro milhões de barris por dia, em 2024, para mais de seis milhões de barris por dia até 2050, representando um aumento de 50%.
Lamentando que os países africanos vendam petróleo bruto para depois comprar ou importar produtos refinados, a AEC salienta no relatório que existem oportunidades consideráveis para melhorar a eficácia dessas actividades e aumentar o seu valor para África.
A organização aponta que são necessários mais de 20 mil milhões de dólares (17 mil milhões de euros) em investimentos em infra-estruturas a jusante até 2050 para responder às crescentes necessidades de importação e distribuição de produtos refinados.
Gás e Renováveis

Sobre a produção de gás, encarada como uma energia de transição para as energias renováveis, o relatório afirma que o potencial do gás de África é considerável, apoiado por uma série de sucessos em matéria de exploração nos centros de produção existentes e nas zonas fronteiriças.
África produziu em 2024, mais de 300 mil milhões de metros cúbicos de gás natural, representando 8,5% do abastecimento mundial de gás natural liquefeito, ou GNL (34,7 milhões de toneladas), num contexto em que o gás natural deverá representar 45% da produção total da electricidade até 2050.
No que diz respeito à electricidade e renováveis no continente, o documento refere que este ano a procura de electricidade deverá passar de cerca de 1028 TWh [Terawatt-hora] para 2291 TWh até 2050, comprovando assim o empenho de África na transição energética.
O continente está a passar por uma importante transição para fontes de energia renováveis, com cerca de 25 Gigawatts (GW) de capacidade adquirida pelos governos em 2024 e, além disso, cerca de 11 GW foram obtidos através de acordos de compra privados.
Conclusão
Este relatório apresenta um panorama de crescimento robusto para o sector energético africano, impulsionado por investimentos históricos no ‘upstream’. No entanto, o desafio central permanece: África precisa de capturar mais valor da sua riqueza natural. A dependência da importação de produtos refinados, apesar da exportação de crude, revela uma lacuna crítica no domínio da transformação local.
O futuro económico do continente dependerá não só da exploração, mas sobretudo da capacidade de desenvolver cadeias de valor internas e acelerar a transição energética, equilibrando o aproveitamento dos recursos fósseis com a expansão das renováveis para responder a uma procura de electricidade que deverá mais do que duplicar até 2050.
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Imagem: © 2020 Larry W. Smith