Billy Woodberry Homenageado no DOC Luanda
Na noite de segunda-feira, o Festival Internacional de Cinema Documental DOC Luanda homenageou o cineasta americano Billy Woodberry com o Troféu Sarah Maldoror, em reconhecimento ao seu documentário Mário, dedicado à vida e ao legado do nacionalista angolano Mário Pinto de Andrade.
A cerimónia decorreu no Shopping Fortaleza, em Luanda e contou com a entrega de uma escultura simbólica criada pelo artista plástico João Mayembe. A distinção carrega um simbolismo profundo: Sarah Maldoror, cujo nome dá título ao prémio, foi uma pioneira do cinema africano e companheira de Mário Pinto de Andrade.
Woodberry que assistiu ao filme Sambizanga nos anos 70 em Los Angeles, descreveu como uma honra receber um prémio que homenageia uma figura tão icónica da cinematografia africana. O documentário Mário não é apenas um retracto biográfico. É uma obra meticulosa que cruza o percurso pessoal e político de Pinto de Andrade com o panorama mais vasto das lutas anticoloniais africanas.
O cineasta teve o seu primeiro contacto com a figura do nacionalista através de um artigo num jornal cubano, na década de 60 e aprofundou a investigação entre 2000 e 2004, em Portugal. Através de arquivos da RTP, reuniu depoimentos de Pinto de Andrade, da sua esposa Sarah Maldoror e da filha Henda Ducados, dando corpo a uma narrativa rica em memória e contexto histórico.
Natural de Dallas, Texas, Billy Woodberry é um dos nomes mais respeitados da chamada Rebelião de Los Angeles, movimento que, entre as décadas de 60 e 80, ergueu uma nova linguagem cinematográfica negra e independente nos Estados Unidos.
O seu trabalho, ao lado de figuras como Charles Burnett e Julie Dash, rompeu com os moldes do cinema clássico, oferecendo visões autênticas sobre a vivência negra. Obras como Bless Their Little Hearts são hoje marcos incontornáveis do cinema político e social.
A sua presença no DOC Luanda, com o apoio do Instituto Camões, reforça o valor do intercâmbio cultural e a urgência de olhar o passado com lentes diversas. Mário devolve aos angolanos uma figura cuja influência atravessou fronteiras — um intelectual militante que lia clandestinamente na livraria Buchholz, convivia com Amílcar Cabral e sonhava com uma África livre.
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Imagem: © 2025 DR