8.8 C
Londres
Quarta-feira, Abril 16, 2025

O Génio Que Escreveu a Morna Vive na Brava

África continua a ser um continente desconhecido onde o silêncio esconde segredos ancestrais e os sonhos se tornam em aventuras. É um continente enigmático que convida à imaginação, desafiando a lógica com cada suspiro do vento. Mergulha agora neste universo, onde o passado e o presente se entrelaçam num enigma sem fim e fica a saber "como se inventou" a Morna.

O Génio Que Escreveu a Morna Vive na Brava


Imagem © 1912 Domínio Público (20250414) O Génio Que Escreveu a Morna Vive na Brava
Eugénio de Paula Tavares aos 44 anos, 24 Agosto de 1912

Cabo Verde é morna, género musical que desde 2019 é também património da humanidade, eternizado na voz da ‘diva dos pés descalços’, Cesária Évora.

Mas se Cabo Verde é morna, é também Eugénio Tavares (1867 – 1930), poeta, escritor ou simplesmente ‘o Camões cabo-verdiano’, legado conservado na casa museu na ilha Brava, sua terra natal e a mais inóspita e pequena do arquipélago. É ali onde ainda ‘vive’ e é recordada uma história única que fez um país.

Pouco conhecido no exterior, Eugénio de Paula Tavares é figura central na cultura de Cabo Verde, um dos maiores defensores da língua crioula (derivada do português e hoje falada em todo o arquipélago) e autor das primeiras e mais sentimentais mornas. Mas também de uma cabo-verdianidade que mais tarde seria nação.

Nasceu na ilha Brava, a 18 de outubro de 1867, numa linha de descendência que, além do pai português, chegava, pelo lado da mãe, a Espanha e Itália. Por entre mitos e lendas da época, sabe-se que a ainda hoje isolada ilha era já no final do século 19 estância de cura e de repouso para toda a costa da Guiné e da Gâmbia, um autêntico refúgio para europeus, residentes no arquipélago e na vizinha costa de África.

Reza a história, que o pai, Francisco de Paula Tavares, natural de Santarém, estabelecido na Guiné, era um abastado proprietário da região de Cacheu e Geba. No entanto, as rivalidades tribais que surgiam levaram a insegurança à região.

A mulher, Eugénia Nozolini Roiz Tavares, encontrava-se grávida do seu terceiro filho, Eugénio Tavares, e com a saúde agravada resolve regressar à casa dos pais, na ilha do Fogo e depois para a vizinha Brava, procurando por melhoras.

Na casa da família, na Brava, nasceria Eugénio de Paula Tavares, mas as complicações do parto tiraram a vida à mãe. O mais distinto filho da Brava acabaria por ser criado pela madrinha, já que o pai também morreu pouco depois.

“És a maravilha da Mulher duplamente Mãe; não mais santa mãe do fruto do seu ventre que no sentimento da sua alma; não mais amorosa mãe dos próprios filhos que mãe sublime dos filhos alheios. Amo-te ó minha mãe e bendita seja a fonte inexaurida de bondade maternal que emana do teu espírito. Tudo com origem no amor, nada com origem no sangue”.

O texto foi escrito pelo já poeta Eugénio Tavares, dedicada à madrinha, mãe adotiva, Dona Eugénia Martins da Vera Cruz Medina e Vasconcelos, que o acompanhou toda a vida e a quem chamava “Badinha”.


A ilha de São João, a Brava


Corria o ano de 1460 quando os navegadores Diogo Gomes e António da Nola, às ordens do Infante D. Henrique, regressavam a Portugal das costas da Guiné. Navegavam a cerca de 500 quilómetros da costa quando avistaram a terra a que chamariam Cabo Verde. Muito mais tarde, numa manhã do dia de São João Baptista, chegaram à mais pequena das ilhas hoje povoadas no arquipélago.

Chamaram-lhe a Ilha de São João, mas o nome não ficaria para a história. A sua dureza sim, e passou mais tarde a Brava, por ser a mais acidentada. Com a forma de uma elipse, tem apenas 64 quilómetros quadrados e o seu comprimento máximo é de nove quilómetros, por entre vales profundos e uma elevação máxima, no Monte das Fontainhas, de 1.100 metros, com a ilha do Fogo e o seu vulcão e oito quilómetros de distância.

Considerada a joia do Império Colonial Português, serviu de berço ao poeta Eugénio Tavares, como recorda a história patente na casa museu do poeta, ali erguida, na Vila de Nova Sintra, e aberta a visitas.

“Descoberta num dia 24 de Junho, chamaram-na a Ilha de São João. Depois, a natureza selvática da sua orografia, o bravio dos seus vales emaranhados de vegetação hostil, e o abandono que foi relegada durante muitos anos e ainda depois de habitada, deram-lhe o nome de BRAVA”.

Assim descreveu Eugénio Tavares a sua ilha.

“O’ Brava amada, meu ninho em flor,
O’ pequenina e humilde Brava!
Coroada outrora de fogo e lava,
Hoje teu nimbo é o nosso amor!”

Assim começa o Hino Bravense, escrito pelo poeta, dedicado à sua eterna ilha.


A Partida Para São Vicente


Eugénio Tavares iniciou-se cedo na poesia, aos 12 anos, e logo os seus poemas começaram a correr de casa em casa, de mão em mão, ganhando graça e notoriedade na sua ilha natal, onde a poesia já ganhava então raízes, com outros autores.

Na mesma época aprendera a tocar guitarra portuguesa, surgindo então as primeiras composições musicais. Com 15 anos publica o seu primeiro poema no “Almanaque de Lembranças Luso-Brasileiro”, o que logo levou à crença que, com o seu talento, devia de deixar a Brava para um meio que lhe permitisse outros voos.

Acabou por ser um voo para mais perto, ainda em Cabo Verde, mas na ilha de São Vicente. Eugénio passa a trabalhar na casa comercial “Union Bazar”, representante dos interesses consulares dos Estados Unidos da América. Contudo, a sua vida não seria mais a mesma, ao encontrar a dinâmica vida de Mindelo, que contrastava com o meio aldeão da Brava.

Mindelo, em São Vicente, já era então um espaço de cultura e universalidade, fruto da importância do seu porto comercial, e uma encruzilhada de costumes onde o jovem vai despertar e apurar a sua veia poética.

Como recorda a casa museu do poeta, em pleno Atlântico, o Porto Grande do Mindelo já recebia mais de cem mil passageiros por ano na altura, em trânsito para o Brasil, Argentina, África do Sul, Ásia e Europa, e Mindelo.

A mestiçagem, já mais caldeada que na Brava, oferecia lindos tipos de mulher crioula, o que representava um cruzamento de raças e de culturas sem precedentes. Era ambiente para o novo poeta em formação. Rapidamente domina o inglês e o francês e logo começa a colaborar na imprensa local.

Ficou de resto conhecido como jornalista que começou por descrever o Mindelo e São Vicente, a sua segunda terra, vindo mais tarde, a pugnar – outro dos traços da sua identidade, que lhe valeria dissabores com o poder colonial – pelos seus direitos e sua elevação a cidade.


A Causa Crioula


A vida leva-o de regresso à sua Brava em 1890 e já conhecedor da realidade de Cabo Verde, casa-se com D. Guiomar Leça, senhora de muitas virtudes, e companheira fiel para toda a vida e o seu sonho, como então foi descrito, começou a ganhar vida:

“A Felicidade e o Engrandecimento do Povo Caboverdiano”.

Chega então o Governador Serpa Pinto à Colónia de Cabo Verde o sonho do poenta ganha cor pela relação entre ambos. Eugénio corresponde, mas como jornalista não se coíbe de exigir justiça e moralidade para Cabo Verde. É também nesse período, com Eugénio Tavares, que a doce morna ganha conteúdo e sonoridade e são introduzidos novos temas.

O Amor, A Ilha, O Mar, a Mulher, o Emigrante, a Partida, a Saudade: A Hora di Bai [despedida] com o objetivo do regresso, não fosse Cabo Verde historicamente terra de partida em busca de melhor vida. É esta escalada que permite à língua crioula, materna de Cabo Verde, dar os seus primeiros passos na senda da Literatura e mais uma vez pela pena de Eugénio Tavares.

O poeta é crioulo e a sua lira é crioula. O grande salto é que se publica também em crioulo e não no português ‘oficial’ de então. Entre 1890 e 1900, Eugénio Tavares é verdadeiramente o “Delfim” de Cabo Verde, como imponentemente descreve a sua casa museu, na ilha Brava, terra onde deu início aos serões de mornas, poesias e manidjas, seguidas de serenatas à moda de Coimbra.

É ali que também se faz teatro e se ensina a cantar e a tocar, com Eugénio Tavares no centro de tudo.

“À frente de uma Elite Cultural Nativista, com Loff de Vasconcelos e outros, ele identifica uma nova Cultura, em espaço português – era a Primeira Alvorada da Caboverdeanidade; estava identificado o Homem Caboverdiano”.

Descreve o museu que hoje vive na casa onde nasceu o poeta. É neste cenário que os mais conservadores desdenham e rejeitam o mediatismo conquistado por Eugénio Tavares. Ameaçados nos privilégios obtidos à custa de injustiças, tentam travar o avanço e lançaram uma campanha de difamação contra os jornalistas.

Claro está, Eugénio Tavares era um dos alvos principais pela frontalidade e mordacidade que colocava na escrita. Além disso, Serpa Pinto deixara Cabo Verde e para travar o avanço social que se registava, em muito também impulsionado por Eugénio Tavares, foi chamado João Cesário de Lacerda para Governador da colónia de Cabo Verde, que viria a reprimir e servir a causa dos conservadores descontentes.

No que foi então descrito como “uma repreensão brutal”, proíbe na imprensa referências à fome que se vivia na ilha de Santiago. A outra frente é tirar o pedestal ao “Delfim” de Cabo Verde, inventando-se para tal um desfalque, na Fazenda Pública, para perseguir o poeta. Eugénio não se desarma, mas abre a porta a um conflito que o levaria a um calvário vivido em exílio, na prisão e a uma absolvição depois de vinte anos dolorosos.

Essa partida ficou marcada na escrita:



Foi a 12 de Junho de 1900, por uma manhã formosíssima, céu alto, zebrado de longos flocos cintilantes, mar sereno, levemente picado, estendido num imenso pano de seda azul ponteado.

O lugre abriu suas largas velas ao nordeste carinhosamente fresco, e desfechou, canal abaixo, proa da América, do El Dourado da liberdade, Igualdade e Fraternidade. Esplêndida vela, leve sobre o mar, elegantemente inclinado, o navio voava, enquanto que o meu espírito voltava dolorosamente à realidade, e se retraía, e se obumbrava nessa indefinível opacidade calma, tranquila, profundamente dolorosa das grandes dores resignadas.

Na montanha bronzeada que nos ficava atrás, olhos tristes velados de lágrimas, que lágrimas que nenhum bálsamo consola, chorariam, porventura, fixos, humidamente fixos na esteira que o lugre ia deixando na tranquila superfície azulada.

As causas deste meu exílio, tu que me conheces, tu as sabes: foste testemunha das monstruosidades que emborcaram sobre o meu nome o córrego lodoso duma calúnia inaudita.



Assim, em Julho de 1900, depois de 29 dias de viagem, chega aos Estados Unidos e fica a morar em casa de familiares, em New Bedford, no estado de Massachusetts e onde já vivia uma importante comunidade de origem cabo-verdiana, marinheiros recrutados para trabalhar nos navios baleeiros. Ali fica a viver da escrita e para a escrita, fundando o jornal “Alvorada”, que passa a dar voz à comunidade emigrante.

Imagem © 1969 Domínio Público (20250414) O Génio Que Escreveu a Morna Vive na Brava
O livro “Mornas, Cantigas Crioulas” editado em Luanda, Angola, em 1969

Implantada a República em Portugal, a 05 de Outubro de 1910, Eugénio regressa definitivamente a Cabo Verde, após diversas passagens clandestinas, apelidadas pelo próprio poeta de “tristes regressos”, que também imortalizou em poemas e posteriores mornas. Regressa para festejar a República perante os olhares de admiração e de carinho do povo de Cabo Verde, como foi descrito à época.

Num Cabo Verde ainda dominado por Portugal, agora republicano, volta à escrita e ao jornalismo, através do jornal “A Voz de Cabo Verde”, onde escreveria, mais uma vez, tudo aquilo que o regime não queria que fosse visto.

Julgado e absolvido, Eugénio regressa à ilha Brava definitivamente em 1922, para vive entre o seu povo e no aconchego da família, escrevendo para ganhar a vida, além da atividade de professor. Mas é sobretudo na composição da morna que mais se ocupa.

Até que, cinco anos depois, o então Governador Guedes Vaz vai à Brava para uma visita de cortesia que foi também de “desagravo” a Eugénio Tavares. Tinha chegado a hora de apresentar ao poeta uma espécie de pedido de desculpas por tanto sofrimento causado. Foi então convidado a viajar para a ilha de São Vicente, para um encontro de poetas que resultaria numa homenagem nacional a um grupo de escritos, incluindo Eugénio Tavares.

Na última década da sua vida, após a morte de seu pai adotivo, Eugénio herdou a propriedade de Aguada, na Brava, e vai ali passar grande parte dos seus dias, dolorosamente ferido, isolado como um eremita num dos locais mais sombrios da ilha Brava.

“Aí reside esmagado entre a pressão de duas montanhas desoladas, tendo como visão livre o panorama do mar, delimitado ao longe pelo vértice dessas rochas verdadeiramente tenebrosas. Aí viveu escrevendo mornas e falando com o mar nos seus solilóquios de desamparo”

Descreveu, sobre Eugénio, o conhecido escritor cabo-verdiano Luís Romano. Cultivando o isolamento, tem 62 anos e nem sempre está na Vila Nova Sintra, capital da ilha, ou no Jardim Eugénio Tavares cultivando as suas flores, imagem que ainda hoje perdura nos locais. Mas data dessa altura a génese de duas das suas melhores composições, as mornas “Bidjiça” e “Nha Santana”, sobre os desamores vividos ao longo da vida.

E numa vida guiada pelo coração, foi também esse a sua despedida.



Decorria o dia 01 Junho de 1930 e pelas onze horas da manhã Eugénio Tavares sentado a uma cadeira de baloiço na sua casa da Vila Nova Sintra recebia a visita do seu amigo Pedro Castro e seu sobrinho José Medina e Vasconcelos.

Os amigos vinham a um habitual cavaqueio narrar ao poeta um facto insólito e ridículo que decorria ao nível da governação da Colónia. Ouvida a história com muito interesse, os três remataram a conversa com uma estrondosa gargalhada, quando Eugénio Tavares deixou-se inclinar, fulminado por uma angina de peito.



Recorda a casa museu, transformada em sua memória desde 18 de outubro de 2006. Por entre mitos e histórias, muitos pensaram mesmo que a Brava desapareceria com o seu poeta, falecido com 63 anos, e saíram às ruas da Vila Nova Sintra para se despedirem de Eugénio Tavares com flores atiradas ao chão ao som de mornas de saudade.

A mesma em que desde então mergulhou todo Cabo Verde, que lhe passou a dedicar o dia 18 de Outubro: Dia Nacional da Cultura e das Comunidades.


Património da Humanidade


Imagem © DR (20250414) O Génio Que Escreveu a Morna Vive na BravaA morna, género musical típico de Cabo Verde a que tanta vez Eugénio Tavares deu letra e cor, foi proclamada a 11 de Dezembro de 2019 Património Imaterial Cultural da Humanidade pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO).

A decisão final sobre a ratificação da classificação foi adotada na 14.ª reunião anual do Comité Intergovernamental para a Salvaguarda do Património Cultural Imaterial da UNESCO, que decorreu em Bogotá, Colômbia.

“Declaro a decisão adotada”, anunciou María Claudia López Sorzano, secretária para a Cultura, Lazer e Desporto da cidade de Bogotá, que presidiu a esta reunião anual do Comité, num momento que levou a festa aos 600 mil cabo-verdianos no arquipélago e aos mais de um milhão espalhados pela América e Europa.

Considerada popularmente “música rainha” de Cabo Verde, o dossiê da sua candidatura a Património Imaterial Cultural da UNESCO, com mais de 1.000 páginas e cerca de 300 entrevistas, foi formalmente entregue pelo Governo cabo-verdiano em 26 de março de 2018.

De acordo com o dossiê da candidatura, a morna terá surgido no século XIX, não sendo consensual a origem do nome e ilha onde nasceu: Boa Vista ou Brava.

Imagem © DR (20250414) O Génio Que Escreveu a Morna Vive na Brava
Cesária Évora, falecida em 2011, é reconhecida como o maior símbolo internacional da Morna

Marcada pelas letras do poeta Eugénio Tavares e mais de tarde de Francisco Xavier da Cruz ou ‘B.Léza’ (ilha de São Vicente, 1905 – 1958), a morna conheceu o seu expoente maior fora de Cabo Verde através da cantora Césaria Évora (1941 – 2011), que através daquele género musical abriu as portas do mundo ao pequeno país insular.

A morna surge de uma mistura de estilos musicais com fortes raízes africanas, o landum, com as influências da modinha luso-brasileira, recorda o dossiê de candidatura a Património Imaterial Cultural da UNESCO. Uma das referências escritas mais antigas sobre a morna consta de um livro do oficial da marinha russa Konstantin Staninkovitch, que visitou Cabo Verde em 1861.

“A morna é uma prática musical que se estrutura em três dimensões: melodia, poesia e dança, caracterizando-se pelo compasso quaternário, ritmo lento e predominância dos esquemas tonais menores clássicos perfeitos de influência europeia”. Lê-se ainda no processo.

Interpretada em crioulo cabo-verdiano por uma voz solista, homem ou mulher, apesar de existirem também mornas apenas instrumentais, e versando temas “lírico-passionais, produz-se uma canção melancólica, muito vinculada ao sentimento do amor, ao sofrimento, à saudade, à ternura, à tristeza, à ironia e à boa ou má sorte do destino individual”.

Geralmente acompanhada por viola, cavaquinho, violino e piano, o “instrumento de excelência da morna” é o violão, introduzido em Cabo Verde no século XIX. A candidatura de Cabo Verde foi alicerçada na cultura popular que manteve viva a morna até aos dias de hoje, alimentada por músicos e intérpretes de todas as idades.

 


Ver Também:

 


Conhecias a origem da Morna? Queremos saber a tua opinião, não hesites em comentar e se gostaste do artigo partilha e dá um “like/gosto”.

 

Imagem: © 2021 Francisco Lopes-Santos
Logo Mais Afrika 544
Mais Afrika

Olá 👋
É um prazer conhecermo-nos.

Regista-te para receberes a nossa Newsletter no teu e-mail.

Não enviamos spam! Lê a nossa política de privacidade para mais informações.

Ultimas Notícias
Noticias Relacionadas

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

Leave the field below empty!

Captcha verification failed!
Falha na pontuação do usuário captcha. Por favor, entre em contato conosco!

error: Content is protected !!