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ToggleHRW: EUA Cúmplices de Israel Em Crimes de Guerra
A Human Rights Watch (HRW), acusou hoje os Estados Unidos da América (EUA), de cumplicidade nos crimes de guerra cometidos por Israel na Faixa de Gaza. A HRW sustenta que o apoio militar ininterrupto de Washington permite a perpetuação de ataques que já causaram dezenas de milhares de mortes e a destruição de infraestruturas essenciais.
A HRW argumenta que, enquanto os EUA continuarem a fornecer assistência militar a Israel, estarão directamente envolvidos nas violações do direito internacional humanitário. O relatório da organização sublinha que, desde 07 de Outubro de 2023, quando o grupo Hamas realizou um ataque a Israel, os EUA aumentaram significativamente a sua ajuda militar ao país.
Um estudo da Universidade Brown, citado pela HRW, Washington afirma que os EUA forneceram pelo menos 17,2 mil milhões de euros em armamento a Israel no último ano.
As vendas militares incluíram milhares de munições de precisão, bombas de pequeno diâmetro, destruidores de ‘bunkers’, armas ligeiras e outros tipos de equipamento letal, além da aprovação de uma nova venda de 7,7 mil milhões de euros em Janeiro deste ano.
A HRW considera que os Estados Unidos têm conhecimento das crescentes provas de crimes de guerra cometidos pelas forças israelitas e, ao continuarem a fornecer armamento, tornam-se cúmplices dessas acções.
No dia em que o presidente norte-americano, Donald Trump, e o primeiro-ministro israelita, Benjamim Netanyahu, se vão encontrar em Washington, a HRW avisa que se a nova administração norte-americana quiser acabar com a cumplicidade relativa a esses crimes tem de suspender imediatamente as transferências de armas para Israel.
“Trump disse que as hostilidades em Gaza ‘não eram uma guerra’ dos EUA, mas a menos que deixe de dar apoio militar a Israel, Gaza será também uma guerra de Trump”.
Afirmou Bruno Stagno, director da unidade de advocacia da HRW.
Apoio militar e cumplicidade
A assistência militar dos EUA a Israel não é apenas uma questão de apoio estratégico, é uma implicação directa em crimes de guerra, segundo a HRW. A organização cita diversas fontes que demonstram que as armas norte-americanas têm sido utilizadas em ataques que mataram e mutilaram civis palestinianos, incluindo trabalhadores humanitários.
A Comissão de Direito Internacional, num relatório de 2001, já havia esclarecido que um Estado que auxilia significativamente outro Estado num acto internacionalmente ilícito também é responsável, desde que tenha conhecimento das circunstâncias.
A HRW argumenta que as autoridades norte-americanas estavam plenamente cientes dos abusos cometidos pelas forças israelitas em Gaza, uma vez que receberam documentação detalhada de organizações humanitárias e especialistas independentes.
O Tribunal Internacional de Justiça reconheceu a plausibilidade das alegações de genocídio apresentadas pela África do Sul contra Israel, o que deveria ter servido de alerta para a administração norte-americana.
No entanto, apesar das provas esmagadoras do desrespeito de Israel pelas leis da guerra, Washington continua a fornecer armas ao país, ignorando os apelos de diversas organizações internacionais.
Privação e Crimes de Guerra
A HRW também acusa Israel de crimes contra a humanidade e actos de genocídio ao privar intencionalmente os civis palestinianos da Faixa de Gaza de produtos básicos para a sobrevivência, como água potável, alimentos e electricidade.
Num relatório de 184 páginas intitulado “Extermínio e Actos de Genocídio: Israel privou deliberadamente água aos palestinianos em Gaza”, a organização afirma que estas acções resultaram na morte de milhares de pessoas por desidratação e doença.
As forças israelitas são acusadas de bloquear a entrada de abastecimentos essenciais, inutilizar infraestruturas de água e saneamento e de cortar electricidade e combustível de forma sistemática. A HRW destaca que não se trata apenas de negligência, mas de uma política deliberada de privação com o objectivo de destruir parte da população de Gaza.
Além disso, o relatório sublinha que as autoridades israelitas além de impediram a entrada de ajuda humanitária, também atacaram infraestruturas médicas, agravando a crise sanitária no enclave palestiniano. A dizimação do sistema de saúde de Gaza impossibilita o rastreio e tratamento adequado de doenças, levando a um número ainda maior de vítimas.
Deslocação Forçada e Limpeza Étnica
A HRW denuncia ainda que apesar de Israel ter permitido o retorno das populações, durante a trégua em curso, tem promovido sistematicamente uma campanha de deslocação forçada da população palestiniana, o que constitui um crime de guerra e uma forma de limpeza étnica. Desde o início da ofensiva militar em Gaza, mais de 90% da população foi obrigada a abandonar as suas casas.
O relatório documenta ainda que as forças israelitas emitiram ordens de retirada sem garantir a segurança dos civis, levando à morte de muitas pessoas ao longo das rotas de fuga e nas chamadas “zonas seguras”.
A HRW argumenta que estas acções fazem parte de uma política de Estado destinada a reduzir a presença palestiniana em Gaza, apoiada por declarações de altos funcionários israelitas que procuram impedir o regresso das populações deslocadas.
A ONU e várias organizações humanitárias, têm alertado para o risco de fome generalizada em Gaza devido ao bloqueio imposto por Israel. Contudo, os EUA continuam a defender a assistência militar ao país, argumentando que Israel não violou as leis americanas relacionadas com a prestação de ajuda humanitária.
Conclusão
A Human Rights Watch sustenta que os Estados Unidos da América, têm uma responsabilidade directa nos crimes de guerra cometidos por Israel, ao fornecerem apoio militar contínuo e ignorarem os apelos da comunidade internacional para suspender a assistência armamentista.
Apesar das provas apresentadas por diversas organizações, Washington mantém-se inabalável na sua aliança com Israel, comprometendo-se com novas vendas de armamento. A HRW apela à suspensão imediata da assistência militar dos EUA a Israel, à imposição de sanções contra os responsáveis pelos abusos e à reparação dos danos causados à população palestiniana.
A organização insiste que é essencial uma investigação independente para garantir que os crimes cometidos em Gaza não fiquem impunes e que os responsáveis sejam levados à justiça.
A Human Rights Watch (HRW), tem razão ao acusar os Estados Unidos da América (EUA), de cumplicidade nos crimes de guerra cometidos por Israel na Faixa de Gaza? Queremos saber a tua opinião, não hesites em comentar e se gostaste do artigo partilha e dá um “like/gosto”.
Imagem: © 2024 Haitham Imad / EPA