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Terça-feira, Janeiro 21, 2025

Cabo Verde e Guiné: Celebrar Amílcar Cabral

Os Presidentes dos dois países, respectivamente, José Maria Neves e Umaro Sissoco Embaló, prestaram homenagem ao líder do Partido Africano para a Independência da Guiné e de Cabo Verde (PAIGC), Amílcar Cabral, assassinado em Conacri, a mando de desconhecidos, a 20 de Janeiro de 1973.

Cabo Verde e Guiné: Celebrar Amílcar Cabral


Amílcar Cabral esteve no centro das comemorações do Dia dos Heróis Nacionais, celebrado ontem, 20 de Janeiro, em Cabo Verde e na Guiné-Bissau. José Maria Neves, o Presidente da República de Cabo Verde, depositou uma coroa de flores brancas em frente ao Monumento a Amílcar Cabral, na cidade da Praia.

Por seu turno, Umaro Cissoco Embaló, o Presidente da Guiné-Bissau, esteve na Fortaleza de Amura, em Bissau, onde se encontra o Mausoléu de Amílcar Cabral, para lhe prestar homenagem.

 


As Comemorações


Durante as comemorações, José Maria Neves, alertou para o surgimento de grupos que fomentam “o caos e a polarização” no país, favorecendo o extremismo e o populismo e apelou à serenidade e ao diálogo como pilares essenciais para a construção de um país “unido e próspero”.

Destacou ainda que o dia 20 de Janeiro é uma data de homenagem a Amílcar Cabral e a todos os heróis nacionais, figuras que marcaram momentos decisivos da história do país e que devem ser lembradas como “uma fonte de inspiração para as gerações futuras”. Também na Guiné-Bissau, Umaro Cissoco Embaló, referiu-se ao líder da independência do país, como um digno filho de África, da Guiné e de Cabo Verde.

Das entrevistas feitas no dia a vários cidadãos, destacam-se as palavras de Eddy Kendel, para quem deveria haver mais actividades para comemorar o dia 20 de Janeiro, por forma a facilitar o conhecimento do percurso cultural e histórico de Cabo Verde, particularmente às crianças. Já Maria Semedo considerou que o 20 de Janeiro é um dia de festa em que se deve comemorar e honrar os heróis nacionais.

“Hoje temos um país livre e democrático, graças a Amílcar Cabral e a todos os outros combatentes”.

 


O Livro sobre Manecas Santos


De entre as actividades que marcaram o dia, foi de salientar, na cidade de Mindelo, a apresentação do livro “Manecas Santos: Uma Biografia da Luta”, da autoria de Rosário Luz.

A obra retracta, segundo a editora do livro, a história da luta da independência de Cabo Verde e da Guiné-Bissau, mergulhando nas realidades sociais das duas ex-colónias portuguesas. Explora também as motivações políticas dos combatentes do PAIGC.

Ainda conforme a editora, o livro mostra “as particularidades” do combatente da Liberdade da Pátria, Manecas Santos “como indivíduo e participante do processo revolucionário” e destaca-o “como uma figura única nos eventos em que esteve envolvido”. O livro também foi lançado nas cidades da Praia, Cabo Verde e Lisboa, Portugal.

E precisamente na capital portuguesa, decorreu de 17 a 20 de Janeiro, no espaço Chapitô, a peça teatral “Amílcar Geração” um monólogo do actor Ângelo Torres, em homenagem a Amílcar Cabral. O monólogo evocativo da data da morte de Cabral é da autoria de Guilherme Mendonça.

Ângelo Torres disse que a peça levanta a curiosidade e o interesse das pessoas na procura de saber quem era Amílcar Cabral, figura de dimensão universal, mas nem sempre devidamente reconhecida entre os seus compatriotas.

Santomense, nascido na Guiné Equatorial, precisamente no dia em que Cabral foi assassinado, Ângelo Torres considera que “não mataram um homem, mas sim uma causa, um ideal e um propósito”. Para ele, Amílcar Cabral era um pacifista que foi obrigado a pegar em armas, depois de muitas tentativas de negociação, porque o seu propósito “era tão grande que era maior do que ele”.

O encenador e autor, Guilherme Mendonça, tem-se dedicado em anos recentes à história dos nacionalismos africanos e a peça teatral, “Amílcar Geração”, surge na continuidade desse trabalho. Recordamos que em 2024 assinalou-se o centenário do nascimento de Amílcar Cabral que veio ao mundo, na cidade guineense de Bafatá, de pais cabo-verdianos, a 12 de Setembro de 1924.

 


O Vinil Legadu: Liberdadi


Foi também lançado em Cabo Verde, um vinil de 7 polegadas intitulado “Legadu: Liberdadi” em memória de Humbertona e Djunga de Biluca, tendo como pano de fundo o pensamento de Amílcar Cabral sobre a ligação entre libertação e cultura. A iniciativa partiu de Paulo Lobo Linhares da produtora musical, InSulada, em parceria com a MatosMusic Production.

A luta de libertação é um acto de cultura, dizia Amílcar Cabral, cujo centenário de nascimento, o mundo celebrou em 2024. E porque libertação e cultura eram para ele inseparáveis, encorajava as pessoas a lutarem pela independência de várias formas, inclusive promovendo a cultura.

Foi, de facto, o que aconselhou a João Silva, conhecido por Djunga de Biluca, pioneiro da emigração cabo-verdiano na Holanda, compositor, produtor e editor que acabou por criar a “Morabeza Records” para a promoção da música cabo-verdiana e africana. Djunga faleceu em Abril de 2023, o ano em que faleceu também o exímio guitarrista, Humberto Bettencourt Santos, (Humbertona).

São agora, ambos homenageados, com um disco de vinil “Legadu:Liberdadi”. O vinil que parecia ter sido completamente suplantado pelo CD, está a voltar em força pelo que Paulo Lobo Linhares acredita que “Legadu:Liberdade” se destina não só a cabo-verdianos, mas também a coleccionadores de outras paragens.

 


Conclusão


As celebrações do Dia dos Heróis Nacionais em Cabo Verde e na Guiné-Bissau são momentos de profundo significado, não apenas para relembrar o legado de Amílcar Cabral e outros combatentes pela liberdade, mas também para reforçar o sentido de identidade, história e cultura dos dois países.

A apresentação do livro sobre Manecas Santos, o lançamento do vinil “Legadu: Liberdadi” e a peça teatral “Amílcar Geração” ilustram como a memória da luta pela independência pode ser mantida viva através da cultura, da literatura e da arte. Estas honram o passado e motivam os mais jovens a preservar e a valorizar o património histórico e cultural das duas nações.

Assim, é crucial que momentos como o 20 de Janeiro sirvam para educar, inspirar e fortalecer o espírito patriótico, mantendo viva a mensagem de Amílcar Cabral:

“A libertação nacional é necessariamente, um acto de cultura”.

 


O que achas destas homenagens aos heróis da Guiné-Bissau e Cabo verde e em partícula a Amílcar Cabral? Queremos saber a tua opinião, não hesites em comentar e se gostaste do artigo partilha e dá um “like/gosto”.

 

Imagem: © DR
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