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TogglePríncipe Harry Acusado de Assédio
O príncipe Harry, filho mais novo do rei Carlos III, está a ser acusado por Sophie Chandauka, a presidente da Sentebale, uma instituição de caridade em África, a qual foi co-fundador, de assédio e intimidação desde 2023, num contexto de conflito interno.
Após a demissão colectiva de cinco membros do conselho, o Príncipe Harry renunciou ao cargo de padrinho da ONG que apoia órfãos da SIDA no Lesoto e que enfrenta uma grave crise financeira. O caso judicial no Alto Tribunal de Londres poderá definir o futuro da organização.
A Sentebale, co-fundada pelo Príncipe Harry em 2006, tornou-se um símbolo da luta contra o HIV/SIDA em África. A crise começou com a nomeação de Sophie Chandauka para a presidência em Julho de 2023. Os membros do conselho acusaram-na de gestão autoritária e má distribuição de recursos. O conflito escalou para os tribunais britânicos em Março de 2024.
Chandauka contra-argumentou alegando que o Príncipe Harry liderou uma campanha para a descredibilizar. Em entrevista à Sky News, apresentou e-mails e gravações como provas de “intimidação sistemática“. O Príncipe Harry, a residir actualmente na Califórnia, não comentou publicamente, mas fontes próximas negaram as acusações. A ONG registou uma queda de 40% nas doações desde 2021.
A polémica inclui a participação da Netflix num evento de 2023 onde Meghan Markle e Chandauka protagonizaram momentos tensos. As imagens do evento, parte de um documentário da plataforma, tornaram-se virais nas redes sociais. Os ex-membros do conselho desmentiram existirem alegações sobre pressão para promover Meghan. A crise expos as fragilidades na gestão de ONGs ligadas a celebridades.
Conflito na Direcção
A Sentebale operou sem controvérsias durante 17 anos, focada em crianças órfãs do Lesoto e do Botswana. A nomeação de Sophie Chandauka, uma advogada do Zimbabwe, em 2023, alterou a dinâmica interna. O seu estilo de liderança, descrito como “centralizador“, gerou atritos com os membros do conselho. Em Janeiro de 2024, cinco directores exigiram a sua demissão por alegado desvio de fundos.
Chandauka respondeu com uma acção judicial acusando o Príncipe Harry de difundir informações falsas para a enfraquecer, levando a que este anunciasse a saída como padrinho, em solidariedade aos demissionários, mas manteve as doações anónimas. A Justiça britânica marcou audiências preliminares para Maio de 2024, com testemunhos dos funcionários da ONG.
A queda nas doações levou ao encerramento de dois centros de apoio no Lesoto em Março. Os doadores europeus, incluindo a Fundação Gates, congelaram verbas até à conclusão do processo. Os funcionários locais relatam atrasos salariais e cortes em medicamentos antirretrovirais.
“Isto afecta crianças que dependem de nós”, disse uma enfermeira anónima.
O evento de polo de 2023, filmado pela Netflix, agravou as tensões. Chandauka acusou o Príncipe Harry de usar o evento para promover Meghan, desviando o foco da caridade. As imagens mostram a duquesa a ajustar o vestido no palco enquanto a presidente segurava o troféu. A equipa de filmagem foi acusada de invadir os espaços reservados aos doadores.
A pandemia de COVID-19 já tinha fragilizado a ONG, com perdas de 1,2 milhões de dólares em 2020. Chandauka afirma ter estabilizado as operações através de parcerias locais, sem apoio do Príncipe Harry.
“Fui eu que garanti vacinas e alimentos durante o confinamento”.
Destacou Chandauka numa entrevista. No entanto, há quem não concorde e atribuem a recuperação a doações de emergência da União Europeia.
A crise judicial divide as opiniões entre os apoiantes do Príncipe Harry e os defensores de Chandauka. Nas redes sociais, as hashtags como #JustiçaParaSentebale e #HarryCulpado tornaram-se virais em África e na Europa. A Sentebale emitiu um comunicado a pedir “respeito ao processo legal”, mas evitou tomar partido público.
“Precisamos de transparência, não de dramas reais”.
Afirmou um embaixador europeu em entrevista à BBC. Enquanto isso, 5.000 crianças no Lesoto aguardam soluções para programas interrompidos. Infelizmente, o futuro da organização depende da capacidade de reaver a confiança dos doadores.
Impacto Humanitário
A Sentebale apoiava 15.000 crianças em 2023, com programas de educação, saúde e nutrição. A crise financeira reduziu este número para 10.000 em Março de 2024. Os centros de aconselhamento psicossocial, vitais para órfãos traumáticos, foram os mais afectados. Segundo um relatório interno da Sentebale, a crise levou à perda de 30% dos seus psicólogos.
A falta de antirretrovirais ameaça reverter os progressos no controle do HIV/SIDA no Lesoto. O país tem a segunda maior taxa de prevalência da doença no mundo (22%). Os médicos sem fronteiras alertaram para os riscos de uma “geração perdida” se a ONG falhar.
Os doadores privados, como a empresa angolana Sonangol, suspenderam contribuições em Abril. Segundo um porta-voz da Sonangol, a empresa não financia polémicas, financia vidas. A União Africana ofereceu-se para efectuar a mediação entre as partes, mas Chandauka recusou, preferindo resolver o caso nos tribunais britânicos.
Os funcionários locais temem que ocorram despedimentos em massa se a crise persistir. A Sentebale emprega 200 pessoas no Lesoto e 50 no Botswana, na sua maioria mulheres. O escândalo afectou outras ONGs ligadas a celebridades. A Fundação Clinton e a UNICEF revisitaram protocolos de transparência após o caso.
“As celebridades trazem visibilidade, mas também riscos”, admitiu um consultor da ONU em entrevista.
O Príncipe Harry, continua a angariar fundos através da Archewell Foundation, a sua nova organização nos EUA sendo acusado por isso de abandonar a Sentebale num momento crítico.
“Ele usou África como pano de fundo para a sua imagem”, disse um activista sul-africano no X.
A reconciliação parece improvável. Chandauka exige “desculpas públicas” do Príncipe Harry, enquanto os seus apoiantes a pressionam por uma demissão. Na realidade, o que está está no centro do debate e é a verdadeira causa desta polémica é o legado de Diana, a inspiração para a Sentebale.
Conclusão
O caso judicial entre o Príncipe Harry e Chandauka redefine os desafios das ONGs ligadas a figuras públicas. A Sentebale, outrora um modelo de cooperação humanitária, tornou-se um exemplo dos riscos de misturar fama e filantropia. O desfecho legal influenciará as doações mundiais e a credibilidade de projectos similares.
Enquanto os tribunais decidem, infelizmente, as crianças africanas pagam o preço da disputa. A comunidade internacional exige soluções rápidas, mas a burocracia judicial prolonga a incerteza. O legado de Diana, agora manchado, aguarda um gesto de reconciliação que parece distante.
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Imagem: © Nick Didlick