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Quarta-feira, Fevereiro 19, 2025

Artigo Final: Oficina de Jornalismo de Neusa e Silva (6ª Edição)

A 6.ª Oficina de Jornalismo Colaborativo da CPLP está a formar uma nova geração de jornalistas, ao apostar na prática e na cooperação internacional. Criada por Neusa e Silva, a iniciativa, desafia as barreiras do ensino tradicional e foca-se no impacto social da comunicação. Em tempos de desinformação, o projecto é uma revolução para a criação de jornalistas qualificados. "A educação é a alavanca para o desenvolvimento sustentável” – Neusa e Silva, Fundadora da Oficina Prática para Jornalistas.

Artigo Final: Oficina de Jornalismo de Neusa e Silva (6ª Edição)


A Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) enfrenta realidades distintas na implementação dos Objectivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU.

Com a aproximação dos 50 anos de independência de Angola, Moçambique, Cabo Verde e São Tomé e Príncipe agora em 2025, esta grande reportagem colaborativa produzida a partir dos vários países da comunidade, analisa avanços e obstáculos no caminho para a sustentabilidade.

Em Moçambique e Angola, o foco recai sobre os sectores da educação e economia, onde a falta de investimento em formação está a provocar uma fuga de talentos (ODS 4, 8, 9, 10). Na saúde, sistemas frágeis colocam em risco a erradicação do HIV até 2030 (ODS 3, 10).

Deonilde da Graça guiar-nos-á pelos desafios da igualdade de género em Angola (ODS 1, 5, 8, 10), enquanto Cabo Verde se mantém um exemplo positivo, com progressos visíveis em trabalho digno, inovação e clima (ODS 8, 9, 13).

Para encerrar, uma entrevista imperdível revela como Angola, Brasil, São Tomé e Príncipe e Portugal estão a moldar a nova geração de cientistas para o mundo através do projecto global “Escolas Azuis”. Não perca a conversa, disponível via link neste artigo uma produção inserida na 6.ª Oficina de Jornalismo da CPLP.


Em Moçambique a falta de investimento na educação e a fuga de quadros qualificados compromete o alcance dos ODS 2030 no referido sector


Por Carlos Nhabetse


IImagem © 2021 Freepik (20250215) Artigo Final Oficina de Jornalismo de Neusa e Silva (6ª Edição)

Moçambique enfrenta desafios significativos na implementação dos ODS na educação. Especialistas alertam que até 2030, o país dificilmente alcançará a sustentabilidade educacional devido ao baixo investimento na formação de quadros, à escassez de recursos tecnológicos e humanos e à falta de valorização dos profissionais qualificados.

O Dr. João Miguel, presidente da Associação Moçambicana de Ciências da Comunicação e Informação (ACICOM) e docente na Universidade Eduardo Mondlane, destaca que embora haja esforços para capacitar profissionais, o financiamento ainda é insuficiente para atender à crescente demanda. Além disso, muitos formandos não encontram oportunidades compatíveis com suas qualificações no país, o que os leva a buscar trabalho no exterior.

A migração de quadros altamente qualificados tornou-se um dos maiores desafios para Moçambique. Profissionais de áreas essenciais, como saúde, educação, tecnologia e engenharia, têm emigrado para países como Portugal, Brasil e Canadá em busca de melhores condições salariais e de trabalho.

Segundo o especialista, essa fuga de talentos compromete seriamente a capacidade do país de desenvolver setores estratégicos e de fortalecer a economia.

Quais os principais factores que impulsionam a emigração de quadros moçambicanos?


A Falta de equipamentos modernos e infraestrutura inadequada vem dificultando o desempenho profissional dos quadros de vários sectores, aliada com a pouca ou inexistente valorização dos quadros locais, com salários pouco competitivos e ausência de incentivos para retenção de talentos.

Outro aspecto é a ausência de políticas eficazes para fixação de profissionais, especialmente em áreas rurais e sectores técnicos.

Além da perda de capital humano, a crise económica tem afectado esses emigrantes, tornando mais difícil a adaptação nos países de destino. Em Portugal, por exemplo, o aumento do custo de vida e as mudanças nas regras de imigração têm levado muitos moçambicanos a enfrentar dificuldades financeiras e instabilidade laboral.

Para reverter essa realidade, João Miguel sugere que Moçambique invista em programas educacionais que preparem os estudantes para um mercado de trabalho mais competitivo, além de criar mecanismos para reter talentos e garantir a valorização dos profissionais formados no país.


Moçambique e o HIV: Uma batalha contra o tempo (e as falhas que ameaçam o futuro)


Por Luísa Muhambe


IImagem © 2020 CISM (20250215) Artigo Final Oficina de Jornalismo de Neusa e Silva (6ª Edição)A erradicação do HIV e da tuberculose é uma meta dos ODS, mas Moçambique ainda enfrenta obstáculos críticos no sector da saúde. Segundo Gilda Jossias, presidente da Plataforma Nacional da Sociedade Civil para a Saúde e os Direitos Humanos (PLASOC), a falta de equipamentos para testagem, escassez de medicamentos e carência de profissionais qualificados comprometem o atendimento adequado aos pacientes.

Além disso, o estigma social e a falta de privacidade nas unidades de saúde dificultam a adesão ao tratamento. O agravamento da crise económica também tem impacto na situação dos emigrantes moçambicanos que vivem com HIV em países como África do Sul e Portugal, onde muitos enfrentam dificuldades no acesso a medicamentos e assistência médica devido a cortes nos serviços públicos.

Para superar esses desafios, especialistas defendem o fortalecimento do sistema de saúde com investimentos em infraestrutura, capacitação de profissionais e campanhas de conscientização para combater a discriminação.


Angola: A Urgência de Romper o Silêncio Sobre as Desigualdades de Género


Por Deonilde da Graça


Imagem: © DR (20250215) Artigo Final: Oficina de Jornalismo de Neusa e Silva (6ª Edição)

A igualdade de género é um dos pilares dos ODS, mas em Angola as disparidades ainda são evidentes. As mulheres representam 51,7% da população economicamente ativa, porém 81,1% delas estão no sector informal, enfrentando dificuldades no acesso ao mercado de trabalho formal.

A taxa de desemprego juvenil chegou a 56,4% em 2024, afectando especialmente as mulheres jovens, que lidam com a dupla discriminação de género e idade. Além disso, muitas profissionais qualificadas têm deixado o país por não encontrarem reconhecimento e oportunidades de crescimento.

A crise económica tem agravado a situação das mulheres emigrantes angolanas. Em países como Brasil e Portugal, muitas delas enfrentam dificuldades para validar seus diplomas e acabam ocupando empregos subqualificados, como trabalho doméstico e serviços de atendimento.

A pobreza multidimensional também impacta fortemente as mulheres dentro do país, restringindo seu acesso à saúde, educação e segurança alimentar. O Plano de Desenvolvimento Nacional (PDN) 2023-2027 busca ampliar a inclusão educacional e laboral, mas desafios como a falta de infraestrutura escolar e a sobrecarga de tarefas domésticas ainda limitam as oportunidades para meninas e mulheres.

Embora Angola tenha registado avanços, como a maior representatividade feminina na política e programas de capacitação, é essencial fortalecer políticas públicas e iniciativas sociais para garantir um futuro mais equitativo.

Cabo Verde: Líder entre os PALOP


Na posição global: 88.º é o melhor entre os países africanos de língua portuguesa. Regista progressos no ODS 13 (Acção Climática), mas mantém obstáculos na erradicação da pobreza e acesso a recursos básicos.

Segundo a coordenadora da ONU no país, Patrícia Portela de Sousa, os indicadores cabo-verdianos superam a média global e regional, reflectindo um crescimento económico sólido e políticas públicas eficazes.

Em 2024, o Fundo Monetário Internacional (FMI) revisou para cima as previsões de crescimento do PIB do arquipélago, estimando um aumento de 6% neste ano e 5% em 2025. O desempenho positivo coloca Cabo Verde acima da média da África Subsaariana, consolidando sua posição como referência em desenvolvimento sustentável.

Entretanto, mesmo com esses avanços, a emigração continua sendo um fenómeno presente no arquipélago. Muitos cabo-verdianos, especialmente jovens qualificados, têm buscado oportunidades na Europa, sobretudo em Portugal e França. A crise económica global tem impactado esses emigrantes, dificultando o acesso ao mercado de trabalho e aumentando a concorrência com cidadãos locais.

A estabilidade política, os investimentos em educação e a ampliação do acesso a serviços básicos são factores determinantes para o progresso do país. No entanto, desafios como a vulnerabilidade económica e as mudanças climáticas ainda exigem atenção para garantir a continuidade desse crescimento.

Como as “Escolas Azuis” estão a transformar jovens, na próxima geração de cientistas em todo mundo?


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Angola, Brasil, São Tomé e Príncipe e Portugal tem um comum a implementação da iniciativa educativa revolucionária: as Escolas Azuis.

Trata-se de um projecto que integra a cultura oceânica no currículo escolar e que está a formar uma nova geração de jovens cientistas comprometidos com a sustentabilidade do planeta. A reportagem colaborativa da Oficina de Jornalismo da CPLP revela como este modelo está a contribuir para os Objectivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) 2030.

As Escolas Azuis adoptam uma abordagem pedagógica inovadora, baseada na resolução de problemas reais e na interdisciplinaridade. Os alunos são desafiados a pensar criticamente e a agir de forma proactiva em projectos ligados ao oceano desde a poluição marinha até à conservação de ecossistemas.

A iniciativa, certificada pela Rede Escola Azul Atlântico, reconhece instituições que integram a cultura oceânica de forma criativa e estratégica, preparando os jovens para serem protagonistas na luta pela sustentabilidade.

CPLP em Foco: Portugal, Brasil e São Tomé, os países que lideram a mudança


Imagem: © 2025 Neusa e Silva (20250215) Artigo Final: Oficina de Jornalismo de Neusa e Silva (6ª Edição)

Em entrevista exclusiva à grande reportagem colaborativa, Raquel Costa, consultora da Iniciativa Ocean Literacy e Escolas Azuis, explicou que o projecto não é só sobre o oceano, é também sobre empoderar jovens para verem a ciência como uma ferramenta de transformação social.

Quando um aluno de São Tomé propõe soluções para a erosão costeira com base nas boas práticas promovidas pelo Projecto Escolas Azuis, está a contribuir directamente para os ODS 2030.

“Propus à UNESCO que liderassem a criação de uma rede global que não é mais do que juntar à mesma mesa os actores de boas práticas, para apoiar os países e para nos apoiarmos uns aos outros” – Raquel Costa, Consultora da Iniciativa Ocean Literacy e Escolas Azuis.


Conclusão


Portugal Lidera o Cumprimento dos ODS entre os Países Lusófonos e na sequência do Ranking vem o Brasil que está na frente de Cabo Verde


Portugal é o país lusófono mais avançado na implementação dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), segundo o Relatório de Desenvolvimento Sustentável 2024.

O país ocupa a 16.ª posição global, a mais alta da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), destacando-se na erradicação da pobreza (ODS 1), igualdade de género (ODS 5) e energia limpa (ODS 7). No entanto, ainda enfrenta desafios em consumo sustentável e protecção ambiental.

O Brasil, em 52.º lugar, avança em energias renováveis (ODS 7) e parcerias globais (ODS 17), mas lida com desigualdade social e pobreza. Já Cabo Verde, na 88.ª posição, lidera entre os países africanos lusófonos, com progresso na ação climática (ODS 13), apesar de obstáculos socioeconómicos.

Os PALOP enfrentam desafios estruturais: São Tomé e Príncipe (118.º) e Moçambique (148.º) progridem em áreas específicas, mas lidam com pobreza e instabilidade política. Angola (155.º) apresenta retrocessos económicos. Guiné-Bissau (156.º) e Timor-Leste são os mais vulneráveis, com governança frágil e pouco avanço nos ODS.

Apesar de liderar entre os lusófonos, Portugal ainda tem desafios a superar. O Brasil e Cabo Verde avançam em sectores estratégicos, enquanto os PALOP precisam de reformas e cooperação internacional (ODS 17) para acelerar o desenvolvimento sustentável.


Sobre o projecto


Fundada há 5 anos pela jornalista angolana Neusa e Silva, correspondente internacional com experiência em veículos como EuronewsCNN Portugal, Rádio e Televisão Pública Alemã e Projectos de Investigação Ambiental, a Oficina prática e gratuita de Jornalismo Colaborativo na CPLP é uma resposta à desigualdade no acesso à formação jornalística de alto nível.

A 6.ª edição conta com a Parceria Estratégica do Observatório do Terceiro Sector do Brasil e do Dia de doar Brasil, e tem como tema central os “Desafios no Alcance dos ODS 2030 na CPLP”

A Oficina virtual tem o apoio de jornalistas internacionais, mentores residentes como

Filipe Teles, jornalista português especialista em reportagens colaborativas, Márcia Veiga, Jornalista da BBC, Osvaldo Silva, Freelancer AFP, Gastão Travado, do Colectivo de Filmmakers de Lisboa e, mais recentemente, juntou-se ao colectivo de mentores residentes, o Jornalista Ricardo Figueira, da Euronews.

“A Oficina não é só sobre formação prática, é também um movimento para garantir que o jornalismo global ouça as vozes que tradicionalmente ficam de fora por falta de privilégios sociais” – Neusa e Silva, Fundadora da Oficina Prática para Jornalistas.

 


O que achaste desta reportagem colaborativa? Queremos saber a tua opinião, não hesites em comentar e se gostaste do artigo partilha e dá um “like/gosto”.

 

Imagem: © 2025 Neusa e Silva
Oficina de Jornalismo Colaborativo de Neusa e Silva

Fundada há 5 anos pela jornalista angolana Neusa e Silva, correspondente internacional com experiência em veículos como Euronews, CNN Portugal, Rádio e Televisão Pública Alemã e Projectos de Investigação Ambiental, a Oficina prática e gratuita de Jornalismo Colaborativo na CPLP é uma resposta à desigualdade no acesso à formação jornalística de alto nível.

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Oficina de Jornalismo Colaborativo de Neusa e Silva
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Fundada há 5 anos pela jornalista angolana Neusa e Silva, correspondente internacional com experiência em veículos como Euronews, CNN Portugal, Rádio e Televisão Pública Alemã e Projectos de Investigação Ambiental, a Oficina prática e gratuita de Jornalismo Colaborativo na CPLP é uma resposta à desigualdade no acesso à formação jornalística de alto nível.
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