Sakiru Adebayo vence Prémio Amílcar Cabral.
O ensaísta nigeriano Sakiru Adebayo, especialista em literatura africana, venceu a segunda edição do Prémio Amílcar Cabral. O Prémio é promovido pelo Instituto de História Contemporânea e pelo Padrão dos Descobrimentos, em Lisboa.
O Prémio Amílcar Cabral
Este foi o segundo ano de atribuição do prémio Amílcar Cabral. A primeira edição, decorreu em 2021 e foi ganho pelo historiador Esmat Elhalaby, um investigador da Universidade de Toronto é especializado em História do Médio Oriente e do sul da Ásia.
O Prémio Amílcar Cabral foi criado em 2021, pelo Padrão dos Descobrimentos / EGEAC e pelo Instituto de História Contemporânea, da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, para reconhecer estudos científicos sobre “as resistências anticoloniais” desde o século XV até à actualidade.
Consiste numa bolsa de investigação em Lisboa, destinando-se a investigadores de qualquer nacionalidade de universidades portuguesas ou estrangeiras que estudem e produzam conhecimento, através de um artigo de investigação histórica, sobre qualquer temática e problemática relativa à história das resistências anticoloniais e dos impérios coloniais.
O Prémio Amílcar Cabral foi baptizado com o nome do político e intelectual Amílcar Cabral (1924-1973), um dos fundadores do Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), um homem que contribuiu de forma singular para o fim do colonialismo europeu em África.
O Prémio Deste Ano
Seleccionado de entre dez candidaturas, o trabalho de Adebayo, “The black soul is (still) a white man’s artefact? Postcoloniality, post-Fanonism and the tenacity of race(ism) in A. Igoni Barrett’s Blackass” foi publicado na revista African Studies e centra-se no romance Blackass, do autor nigeriano A. Igoni Barrett.
Segundo o júri do Prémio Amílcar Cabral, o artigo de Sakiru Adebayo destaca
“As sombras persistentes da dominação cultural imperial europeia na Nigéria, as suas heranças e os seus efeitos no imaginário pós-colonial nigeriano”.
O júri do concurso, constituído por Manuela Ribeiro Sanches, Victor Barros e Rui Gomes Coelho, atribuiu ainda duas menções honrosas:
- à historiadora Merve Fejzula, da Universidade do Missouri, com o artigo “Gendered Labour, Negritude and the Black Public Sphere,” publicado na revista Historical Research (OUP);
- a Burak Sayim, da Universidade de Nova Iorque – Abu-Dhabi, com o artigo “Transregional by design: The early communist press in the middle east and global revolutionary networks”, publicado no Journal of Global History (CUP).
O Prémio Amílcar Cabral, apesar de só ter sido criado o ano passado, já atingiu dimensão internacional.
Quem é Sakiru Adebayo?
Sakiru Adebayo nasceu na Nigéria, tendo-se formado na University of Ibadan antes de se mudar para a África do Sul, onde completou o doutoramento na Universidade de Witwatersrand, em Joanesburgo, em Literatura Africana. Actualmente, é Professor Auxiliar na Faculdade de Estudos Criativos e Críticos da Universidade de British Columbia, no Canadá.
Conclusão
Este prémio, mais um promovido por Portugal, é um marco significativo na celebração da literatura e da cultura africana. Com este reconhecimento, a obra de Sakiru Adebayo e a memória de Amílcar Cabral são elevadas, impulsionando ainda mais a valorização dos estudos sobre a resistência anticolonial. Esperemos que sejam criados muitos mais prémios do género.
O que achas deste prémio? Será que usar o nome de Prémio Amílcar Cabral não passará de apenas um aproveitamento cultural português? Queremos saber a tua opinião, não hesites em comentar e se gostaste do artigo partilha e dá um “like/gosto”.
Imagem: © 2023 DR