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ToggleEmbraer Quebra Records De Encomendas
A Embraer atingiu um ponto de viragem na sua história. A companhia alcançou, no terceiro trimestre de 2025, o maior volume de encomendas desde a sua fundação, totalizando 31,3 mil milhões de dólares — um aumento de 38% em relação ao mesmo período do ano anterior e 5% face ao segundo trimestre deste ano.
A informação foi divulgada hoje, 21 de Outubro de 2025, no relatório enviado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Os resultados impressionam não só pela magnitude, mas também pela consistência. Foram 62 aeronaves entregues entre Julho e Setembro, um crescimento de 5% em comparação a 2024.
No acumulado anual, as divisões da Aviação Comercial e Aviação Executiva somaram 148 entregas, superando em 16% os números registados no mesmo período do ano passado. A Embraer consolidou-se como o principal símbolo de engenharia aeronáutica lusófona, expandindo as suas operações e reafirmando o seu compromisso com a inovação.
As suas quatro áreas — Aviação Comercial, Aviação Executiva, Defesa e Segurança e Serviços e Suporte — registaram todas crescimento. Este impulso deve-se a um conjunto de factores: a recuperação da aviação civil mundial, o aumento da procura por jactos regionais, o investimento em novas tecnologias e a diversificação das parcerias internacionais.
Aviação Comercial

A Aviação Comercial foi o pilar central do sucesso da Embraer no terceiro trimestre de 2025. A divisão atingiu uma carteira recorde de 15,2 mil milhões de dólares, o maior valor em nove anos, representando um crescimento de 37% em relação ao ano de 2024.
Este avanço foi sustentado por contractos de grande dimensão com duas companhias aéreas de peso: a Avelo Airlines, dos Estados Unidos da América (EUA) e o Grupo Latam, da América do Sul.
O acordo com a Avelo prevê a entrega de 50 jactos E195-E2 com opção de compra de mais 50, num negócio avaliado em 4,4 mil milhões de dólares, podendo atingir 8,8 mil milhões se todas as opções forem exercidas.
Já a Latam assinou contracto para 24 aeronaves firmes e 50 opções adicionais, reforçando a sua estratégia de aumentar a ligação aérea regional entre países sul-americanos. Durante o trimestre, a Embraer entregou 20 aeronaves comerciais, incluindo modelos E175, E190-E2 e E195-E2 destinados a companhias como American Airlines, Republic Airlines, Azorra, Porter, Aircastle e Mexicana.
A empresa também celebrou acordo com a TrueNoord, para a venda de 30 novos jactos que deverão ser incorporados oficialmente ao balanço no quarto trimestre. Este desempenho reflecte o equilíbrio positivo do book-to-bill (relação entre pedidos recebidos e entregas realizadas) que atingiu 2,7 vezes — sinal de uma procura em expansão e de uma produção estabilizada.
O mercado da aviação regional, onde a Embraer mantém o domínio incontestado, vive um período de revalorização, com companhias aéreas a apostar em aeronaves de médio alcance e maior eficiência energética.
Aviação Executiva

A Aviação Executiva manteve a sua trajectória ascendente, com uma carteira de 7,3 mil milhões de dólares, um crescimento de 65% em comparação com 2024. No trimestre, foram 41 aeronaves entregues e no acumulado do ano, 102 jactos executivos, correspondendo a 68% da meta anual.
Este foi também um trimestre simbólico: a Embraer celebrou a entrega do jacto executivo número 2.000 da sua história — um Praetor 500, modelo de média distância que simboliza o equilíbrio entre luxo, autonomia e desempenho.
A empresa tem investido fortemente na modernização da sua fábrica na Flórida, nos EUA, onde são montados os modelos Phenom e Praetor, prevendo aplicar 500 milhões de dólares nos próximos cinco anos. Com esta expansão, a Embraer pretende aumentar a capacidade produtiva e garantir entregas mais rápidas aos seus clientes que incluem empresários, governos e instituições financeiras.
Além disso, a companhia iniciou a construção de um novo centro de manutenção, reparação e revisão (MRO) em Fort Worth, no Texas, com um investimento de 70 milhões de dólares.
A instalação deverá aumentar em 53% a capacidade de atendimento da empresa no mercado norte-americano e gerar 250 novos empregos, reforçando a presença da marca no país que absorve 70% da produção dos seus jactos executivos.
Defesa e Segurança

Na área de Defesa e Segurança, a Embraer registou uma carteira de 3,9 mil milhões de dólares, um aumento de 8% em relação a 2024. O destaque foi a entrega do terceiro avião militar KC-390 Millennium à Força Aérea Portuguesa, consolidando o modelo como uma das plataformas militares mais avançadas do mundo.
A empresa também assinou um contracto com o Panamá que adquiriu quatro aeronaves A-29 Super Tucano para operações de vigilância e segurança nacional. Além disso, foi vendida uma unidade adicional do mesmo modelo à empresa americana SNC que poderá abrir caminho a futuras encomendas através do programa Foreign Military Sales do governo dos EUA.
O sucesso internacional do KC-390 continua a expandir-se. A Suécia, a Eslováquia e a Lituânia seleccionaram o modelo para integrar as suas forças aéreas, enquanto Portugal prepara um pedido adicional. Se confirmados, estes contractos poderão duplicar a produção do cargueiro militar até 2030.
A Embraer também anunciou a criação de um escritório de defesa em Nova Deli, na Índia, após assinar uma parceria com o grupo Mahindra. O objectivo é assegurar contractos militares com o governo indiano e ampliar a cooperação no fabrico e manutenção de aeronaves.
Serviços e Suporte

O segmento de Serviços e Suporte consolidou-se como um dos motores mais estáveis do crescimento da Embraer. A divisão encerrou o trimestre com uma carteira de 4,9 mil milhões de dólares, representando um aumento de 40% em comparação ao ano anterior.
Este resultado deve-se à assinatura de diversos contractos de longo prazo que garantem a manutenção e o fornecimento de peças a companhias aéreas e forças militares em vários continentes. A expansão do serviço pós-venda e a aposta em soluções tecnológicas integradas aumentaram a rentabilidade e fortaleceram a reputação da empresa no mercado mundial.
Além disso, a Embraer beneficiou do financiamento de 1,7 mil milhões de reais aprovado pelo BNDES para exportação de 13 aeronaves E175 à companhia norte-americana SkyWest Airlines, reforçando a presença brasileira no mercado internacional.
Conclusão
O desempenho da Embraer em 2025 confirma a sua posição entre as maiores fabricantes de aeronaves do mundo. A combinação de inovação tecnológica, diversificação de portfólio e gestão estratégica de contractos transformou a empresa num exemplo de ambição industrial.
O recorde de 31,3 mil milhões de dólares em encomendas não representa apenas um número: é o reflexo de décadas de investimento em ciência, engenharia e diplomacia económica. As perspectivas para 2026 e além são de aceleração produtiva e expansão para novos mercados, com destaque para a defesa, a aviação eléctrica e as soluções sustentáveis.
Para a indústria lusófona, o sucesso da Embraer reafirma que a língua portuguesa também fala o idioma da inovação. O céu já não é o limite — é o próximo ponto de partida.
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Imagem: © Embraer