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Quinta-feira, Julho 31, 2025

Cabo Delgado: Estado Islâmico Reclama Ataque

As autoridades garantem ter um maior controlo das águas territoriais e alertam para o recrutamento forçado para grupos armados, mascarado de ofertas de emprego, após se ter instalado o clima de medo na região de Chiúre depois de mais um ataque terrorista.

Cabo Delgado: Estado Islâmico Reclama Ataque


O terror e o medo estão instalados em Cabo Delgado, depois dos ataques extremistas ao posto policial de Chiúre Velho, no sul da província moçambicana, com armas automáticas, levando material do seu interior deixando mais de 5 mil pessoas deslocadas e algumas infra-estruturas e bens total ou parcialmente destruídos.

Elementos associados ao grupo extremista do Estado Islâmico (EI) reivindicaram o ataque, através dos seus canais de propaganda, documentando-o com um vídeo, em que os rebeldes, alegadamente pertencentes ao grupo Ahlu-Sunnah wal Jama`a (ASWJ), surgem a disparar rajadas de tiros de metralhadora e entram naquele posto policial.

Garantem também, ter levado vário material, após queimarem uma viatura e “libertarem presos muçulmanos”, desconhecendo-se vítimas ou feridos desta acção.


O Ataque


Imagem © 2022 Simon Wohlfahrt (20250727) Cabo Delgado Estado Islâmico Reclama AtaqueO governador de Cabo Delgado, Valige Tauabo, confirmou na sexta-feira o ataque dos rebeldes no distrito de Chiúre, obrigando à deslocação da população, mas as forças de segurança estão a restabelecer a ordem.

“Em Chiúre, houve algumas incursões, as forças no local estavam em prontidão, mas não deixou de haver [o ataque]”.

“É preciso que se restabeleça a ordem e a população em algumas aldeias teve de sair para zonas seguras”.

“Mas há protecção do Governo e das Forças de Defesa e Segurança”.

Vários populares de duas localidades do distrito de Chiúre, em Cabo Delgado, no norte de Moçambique, também relataram na quinta-feira novos ataques por parte de supostos grupos rebeldes, levando a população a fugir.

Está mal isso, os terroristas estão a atacar”, disseram, a partir da vila sede de Chiúre, depois de fugir a pé, na sequência dos ataques ocorridos nas comunidades de Chiúre Velho e Mazeze.

O administrador do distrito de Chiúre, Oliveira Amimo, disse que grupos de rebeldes atacaram duas localidades na manhã de quinta-feira, mas que “foram repelidos” pelas forças de defesa, garantindo que a sede distrital não foi ocupada.

“Os terroristas já foram repelidos pelas Forças de Defesa de Moçambique. Já não estão no distrito”.

“Praticamente todas [as aldeias] foram afectadas. Estamos a falar de centenas de famílias”.

Informou o administrador distrital de Chiúre, acrescentando que durante os ataques os grupos rebeldes queimaram residências e o comando policial local, mas não ocuparam a sede distrital de Chiúre.


Garantias de Defesa


Imagem © 2021 Marc Hoogsteyns (20250727) Cabo Delgado Estado Islâmico Reclama AtaqueO comandante da polícia costeira na província de Cabo Delgado, Francisco Lafo, garante maior controlo das águas territoriais face as ameaças de vária ordem incluindo o terrorismo.

“Nós estamos preparados para garantir a segurança nas nossas águas ao nível da província de Cabo Delgado e não só”.

“Temos a polícia costeira, temos e a marinha de guerra de Moçambique, trabalhamos em conjunto para garantir a segurança nas nossas águas”.

As autoridades governamentais moçambicanas através do Director Provincial da Juventude, Emprego e do Desporto, em Cabo Delgado, Jonas Abujade, alertam os cidadãos para não se deixarem recrutar pelos terroristas por meio de promessas de trabalho.

“Qualquer emprego que alguém vos ofereça para vos recrutar, sem o conhecimento do governo é duvidoso, devem denunciar!”.

Localizada a cerca de 140 quilómetros da cidade de Pemba, a capital provincial, Chiúre é um dos distritos alvo dos rebeldes.


O Conflito de Cabo Delgado


Imagem © 2021 Fundação AIS (20250727) Cabo Delgado Estado Islâmico Reclama AtaqueA província de Cabo Delgado, no norte do país, rica em gás, enfrenta desde 2017 uma rebelião armada, que provocou milhares de mortos e uma crise humanitária, com mais de um milhão de pessoas deslocadas.

Pelo menos 349 pessoas morreram em ataques de grupos extremistas islâmicos no norte de Moçambique em 2024, um aumento de 36% face ao ano anterior, segundo estudo divulgado em Fevereiro pelo Centro de Estudos Estratégicos de África (ACSS).

De acordo com aquela instituição académica do Departamento de Defesa do Governo norte-americano que estuda assuntos relacionados com a segurança em África, esta “recuperação dos níveis de violência” em Moçambique “reflecte a estratégia” do grupo ASWJ — afiliado do EI, a operar na província de Cabo Delgado – de “alargar o conflito, deslocando-se para o interior e para áreas mais rurais”.


Conclusão


O recrudescimento da violência em Cabo Delgado coloca um novo desafio às autoridades moçambicanas e à comunidade internacional. A província, rica em recursos naturais como o gás, continua a ser um foco de instabilidade e sofrimento para a sua população.

A pressão sobre o Estado para conter o avanço jihadista é crescente e o tempo para uma resposta eficaz está a esgotar-se. A paz no norte de Moçambique continua a ser uma miragem distante para milhares de famílias que vivem sob constante ameaça.

 


Moçambique perdeu o controle do conflito em Cabo Delgado?  Queremos saber a tua opinião, não hesites em comentar e se gostaste do artigo partilha e dá um “like/gosto”.

 

Imagem: © 2025 João Relvas
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