AfCFTA precisa de Infraestruturas robustas.
Para colherem as vantagens do Acordo de Comércio Livre Africano (AfCFTA, sigla em inglês), os países africanos necessitam de políticas que incentivem a evolução das infraestruturas, é o que defende, António Pedro, o representante interino da Comissão Económica das Nações Unidas para África (UNECA),
“Para beneficiar das oportunidades apresentadas pelo AfCFTA, temos de superar o déficit de infraestruturas”.
“Não é a ausência de planos e projetos que impede a transformação estrutural de África, mas a falta de espaço político para avançar esta agenda”. Argumentou.
A chave para atrair investimentos sustentáveis
Durante a sessão sobre África, no 12.º Encontro Anual de Investimento, focado na criação de um novo quadro para atrair investimentos sustentáveis e produtivos, António Pedro afirmou que:
“Para atrair investimentos sustentáveis e transfronteiriços em África, a infraestrutura física e digital deve estar pronta”.
Para António Pedro, a infraestrutura não é apenas uma questão de construção e logística. Ela é o alicerce que permite a implementação de políticas e a concretização de planos estratégicos. Mais do que isso, é um indicador da capacidade de um país para hospedar e sustentar investimentos.
O desenvolvimento de infraestruturas robustas impulsiona a economia, promovendo a criação de empregos, o desenvolvimento de competências, a inovação e o crescimento. Estas, por sua vez, atraem investidores que buscam mercados estáveis, dinâmicos e em crescimento.
Adicionalmente, uma infraestrutura sólida e confiável é um pré-requisito para a exploração de novos mercados, a expansão de operações comerciais e a atração de investimentos sustentáveis. Com a infraestrutura adequada, os países africanos serão capazes de promover e sustentar um crescimento inclusivo, diversificar as suas economias e melhorar a competitividade no mercado global.
Investimentos sustentáveis e transfronteiriços são essenciais para a concretização do AfCFTA. Estes investimentos podem potenciar a transformação económica de África, impulsionando a industrialização, promovendo a diversificação económica e aumentando a resiliência das economias africanas.
Neste contexto, a preparação da infraestrutura física e digital torna-se um fator estratégico, capaz de definir o futuro de África no cenário do comércio global. Só com infraestruturas preparadas e adequadas, África poderá colher os benefícios do AfCFTA e posicionar-se de forma proeminente no comércio internacional.
AfCFTA: A maior zona de comércio livre do mundo
A AfCFTA, que entrou em vigor em 2019, tornou-se a maior zona de comércio livre do mundo, abrangendo 1,3 mil milhões de pessoas e um PIB combinado de aproximadamente 2,5 trilhões de dólares, cerca de 2,3 trilhões de euros. O seu objetivo final é, a longo prazo, eliminar as barreiras aduaneiras nos 54 países africanos.
“Devemos investir em ciência, tecnologia e inovação para manter a competitividade a longo prazo e construir cadeias de valor regionais que possam gerar mais valor acrescentado e aumentar a quota de mercado das empresas africanas”.
Defendeu, acrescentando que África pode aproveitar os seus recursos naturais para criar cadeias de valor sustentáveis.
A zona de livre comércio é uma das maiores aspirações da União Africana. Segundo Emily Mburu, directora do secretariado da AfCFTA, a diversificação dos países africanos poderia ser impulsionada e os avanços nas indústrias acelerados se a mobilidade de pessoas no continente fosse intensificada.
O cenário comercial africano enfrenta desafios significativos. Para impulsionar o comércio interno e externo, o continente, rico em recursos naturais e potencial humano, precisa de infraestruturas adequadas. Assim, as infraestruturas assumem-se como um elemento crucial para o fortalecimento da economia africana.
A ligação entre infraestrutura e comércio
A relação entre uma infraestrutura robusta e o progresso comercial é indiscutível. Estradas, portos, aeroportos e redes de telecomunicações são componentes essenciais para facilitar o comércio e ligar mercados, tornando-os acessíveis e reduzindo custos de transporte e comunicação.
Uma rede de infraestruturas bem planeada e implementada pode ser o elemento-chave para desbloquear o potencial comercial de África.
O AfCFTA, tem o potencial de transformar o panorama económico do continente, abrindo novos mercados e criando oportunidades inéditas para as empresas africanas. Contudo, existem desafios que precisam ser superados para que o acordo possa ser plenamente eficaz, como a necessidade de melhorar a infraestrutura.
Investir em infraestruturas pode gerar uma série de benefícios para as economias africanas. Pode criar empregos, estimular o crescimento económico e tornar as empresas locais mais competitivas. Uma melhor infraestrutura também pode facilitar o comércio e ajudar a maximizar os benefícios do AfCFTA, colocando África numa posição mais proeminente no comércio global.
A Importância das Indústrias Verdes
As indústrias verdes, que incluem energias renováveis, reciclagem e tecnologias limpas, representam um caminho promissor para o desenvolvimento sustentável de África. Ao adotar práticas ecológicas, os países africanos podem beneficiar de uma economia mais sustentável e resiliente, que atrai investidores conscientes do ambiente e abre caminho para a criação de empregos verdes.
“As indústrias verdes são cruciais para a competitividade de África num futuro de mercados com emissões zero de carbono”.
Enfatizou António Pedro, evidenciando a relevância deste setor para a atração de investimento estrangeiro.
Este setor tem um papel fundamental na transição para uma economia de baixo carbono, que é essencial para cumprir os objetivos do Acordo de Paris e combater as mudanças climáticas. Para além disso, as indústrias verdes podem contribuir para a diversificação económica, reduzindo a dependência de África dos combustíveis fósseis e outras indústrias poluentes.
Assim, África tem a oportunidade de se posicionar na vanguarda do desenvolvimento sustentável, apostando em indústrias verdes para aumentar a sua competitividade, atrair investimento estrangeiro e contribuir para um futuro com zero emissões de carbono. É um desafio, mas também uma oportunidade única para o continente africano.
A UNECA e a Promoção do Comércio em África
A UNECA, assume um papel decisivo na promoção do comércio e do desenvolvimento em África. As iniciativas e programas implementados pela UNECA têm como objetivo primordial o aperfeiçoamento da infraestrutura e o fomento do comércio, estabelecendo-se assim como um elemento fundamental para o desenvolvimento económico do continente.
Por meio das suas acções, a UNECA contribui para a criação de políticas estratégicas e a implementação de projetos que buscam aumentar a eficiência e a capacidade das infraestruturas existentes. Este trabalho é essencial para promover o crescimento económico, a diversificação e a competitividade, aspectos cruciais para a prosperidade de África.
A UNECA também actua como uma plataforma para a troca de conhecimentos e experiências entre os países africanos, promovendo a cooperação regional e a partilha de melhores práticas. Esta cooperação e coordenação são essenciais para maximizar o impacto das políticas e ações implementadas.
Conclusão
Investir em infraestruturas é um passo imprescindível para que África possa beneficiar plenamente do AfCFTA. Este investimento, juntamente com as iniciativas da UNECA e a implementação efetiva do acordo, pode desbloquear o potencial económico do continente e colocar África numa posição de destaque no comércio global.
Como tal, o papel da UNECA na promoção do comércio em África é inestimável. Ao focar-se na melhoria da infraestrutura e na promoção do comércio, a UNECA está a contribuir de forma significativa para o desenvolvimento económico sustentável e inclusivo do continente africano.
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