29 de Agosto: Dia Internacional contra os Testes Nucleares.
Em meio à atual tensão global, da guerra entre a Rússia e a Ucrânia, a preocupação com o uso de armas nucleares aumenta, ressalvando ainda mais a relevância do Dia Internacional contra os Testes Nucleares, já que a sua importância está ligada ao receio da proliferação do armamento atômico e às preocupações do uso da energia nuclear.
Esta efeméride que até à pouco tempo era considerado irrelevante, ganha um significado profundo e imediato diante da possibilidade da escalada do conflito e do risco da utilização de armamento nuclear. Nesse contexto, torna-se crucial refletir sobre os perigos e as consequências nefastas dos testes nucleares, tanto em termos de proliferação de armas como de impactos ambientais irreversíveis.
Durante anos, os testes nucleares foram realizados ao ar livre, não se sabendo até hoje qual o verdadeiro impacto da contaminação radioativa no planeta causado por eles, mas mesmo tendo-se mudado para testes subterrâneos eles também incidem negativamente sobre os solos, transformando-os em espaços inférteis, além da radioactividade que afecta as águas freáticas, os solos e também a atmosfera.
Sabemos, por exemplo, que determinadas regiões da Oceania ficaram demasiado afectadas pelos ensaios nucleares subterrâneos e outras ficaram à beira de desastres ambientais, caso os referidos testes tivessem continuado.
A Origem Da Data e o Seu Objectivo
A origem da data teve a ver com o facto de ter sido a 29 de Agosto de 1991 que se encerrou um dos maiores locais de ensaios nucleares do mundo: o Semipalatinsk, no Cazaquistão, exactamente 42 anos após os mesmos aí terem sido iniciados. Esse encerramento histórico, levou a Assembleia-Geral da ONU a instituir o Tratado de Interdição Completa de Testes Nucleares em 1996.
Trata-se de um documento que ainda não foi ratificado por muitos países fazendo com que o mesmo ainda não tenha entrado em vigor. Mas, mesmo assim, a observância da data constitui um esforço para a consciencialização da humanidade em particular dos políticos, para que se avance na direcção da completa erradicação dos testes e consequentemente da desnuclearização mundial.
Os esforços para se alcançar o fim dos testes nucleares em todo o mundo, podem servir como trampolim para discussões e iniciativas que incidam na total desnuclearização do planeta.
O importante é que, de acordo com o Tratado de Não Proliferação Nuclear (da sigla em inglês, TNP), todos os Estados têm o direito de desenvolver e ser assistidos no desenvolvimento de energia nuclear para fins civis.
Foi por isso que as Nações Unidas em 2009, criaram este dia com o objectivo de aumentar a conscientização sobre os efeitos dos testes das armas nucleares e alcançar um mundo livre de armamento nucleares.
Procura-se que nesta data, haja maior divulgação das preocupações relacionadas com os testes nucleares, o seu impacto ambiental, o seu efeito nos solos, entre outros, para que as lideranças aprendam a banir completamente estes procedimentos.
O Impacto Dos Testes Nucleares
Tudo começou no dia 16 de Julho de 1945, durante a Segunda Guerra Mundial, quando os Estados Unidos detonaram a primeira arma nuclear do mundo, como o codinome Trinity, no deserto do Novo México.
Menos de um mês depois, os EUA lançaram duas bombas atômicas sobre as cidades japonesas de Hiroshima e Nagasaki, matando mais de 100.000 pessoas instantaneamente.
Dos sobreviventes, milhares de pessoas morreram por causa de ferimentos, doenças causadas pela radiação e, nos anos seguintes, devido a vários tipos de cancro. Estima-se que o número de mortos decorrentes desses vários problemas, tenha sido aproximando de 200.000.
Desde então, mais de 2.000 testes nucleares, foram realizadas, por pelo menos oito nações deste planeta.
O Número De Ogivas Nucleares
Nove países possuíam cerca de 12.700 ogivas no início de 2022, de acordo com a Federação de Cientistas Americanos. Aproximadamente 90% são da Rússia (5.977 ogivas) e dos EUA (5.428 ogivas).
No seu auge em 1986, os dois rivais tinham quase 65.000 ogivas nucleares entre eles, tornando a corrida armamentista nuclear um dos eventos mais ameaçadores da Guerra Fria.
Mas enquanto a Rússia e os EUA desmantelaram milhares de ogivas, acredita-se que os outros países, principalmente a China, estejam a aumentar o seu número.
O único país a abandonar voluntariamente as armas nucleares foi a África do Sul que, em 1989, suspendeu o programa de armas nucleares e, em 1990, as começou a desmantelar. Em 1991, a África do Sul aderiu ao Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares (TNP), tornando-se assim, um país não nuclear.
Que Países Realizaram/Realizam Testes
De acordo com a Associação de Controle de Armas, pelo menos oito países realizaram um total de 2.056 testes nucleares desde 1945 até 2020.
Os EUA realizaram metade de todos os testes nucleares, com 1.030 realizados entre 1945 e 1992. Em 1954, explodiram a sua maior arma nuclear, uma bomba de 15 megatoneladas, na superfície do Atol de Bikini, nas Ilhas Marshall, o teste recebeu o codinome de Castelo Bravo.
O poder do teste foi mal calculado pelos cientistas e resultou em uma contaminação por radiação que afetou os habitantes dos atóis. Diz-se que a precipitação nuclear da explosão se espalhou por uma área de 18.130 quilómetros quadrados.
A União Soviética realizou o segundo maior número de testes nucleares com 715 realizados entre 1949 e 1990. O primeiro teste nuclear da URSS foi a 29 de Agosto de 1949, com o codinome RDS-1 e foi realizado em Semipalatinsk no Cazaquistão.
Segundo a Comprehensive Nuclear-Test-Ban Treaty Organization (CTBTO), a União Soviética realizou 456 testes em Semipalatinsk, com consequências devastadoras para a população local, como defeitos genéticos e altas taxas de cancro.
A França realizou 210 testes nucleares, enquanto o Reino Unido e a China realizaram cada um 45 testes. A Índia realizou três testes nucleares e o Paquistão realizou dois.
A Coreia do Norte é a nação mais recente a realizar testes nucleares. Em 2017, a sua sexta e mais poderosa bomba foi detonada no local de testes de Punggye-ri. A explosão subterrânea criou um tremor de terra de magnitude 6,3.
As Maiores Explosões Nucleares
A maior explosão nuclear ocorreu em 1961, quando a União Soviética explodiu a Bomba Tsar em Novaya Zemlya, ao Norte do Círculo Polar Ártico. A explosão foi de 50 megatoneladas, 3.300 vezes mais potente do que a bomba nuclear lançada sobre Hiroshima.
A segunda maior explosão nuclear ocorreu em 1954, quando os EUA explodiram a sua maior arma nuclear, uma bomba de 15 megatoneladas.
A maior detonação da China ocorreu em 1976 em Lop Nur, quando detonaram uma bomba de 4 megatoneladas.
O Reino Unido realizou uma série de testes nucleares no Sul do Oceano Pacífico entre novembro de 1957 e setembro de 1958 como parte da Operação Grapple. O Grapple Y foi o maior dos testes nucleares da operação, com uma explosão de três megatoneladas.
Em 1968, a França realizou uma série de testes nucleares com o codinome Canopus no Atol Fangataufa, no Sul do Oceano Pacífico. O teste foi de 2,6 megatoneladas e foi 200 vezes mais poderoso que a bomba de Hiroshima.
Os Locais Dos Testes Nucleares
Foram testadas armas nucleares, um pouco por todo o mundo.
A 13 de Fevereiro de 1960, a França realizou o seu primeiro teste nuclear, codinome Gerboise Bleue, sobre o deserto do Saara, na Argélia, à época, território francês.
A 22 de Setembro de 1979, um satélite americano, detectou uma explosão nuclear atmosférica sobre a Ilha do Príncipe Eduardo, no Oceano Índico, próximo da Antártida.
Muitos acreditam que este, foi um teste nuclear conjunto, realizado pela África do Sul e por Israel, mas até hoje a origem dessa detonação permanece um mistério, existindo teorias que vão desde o choque de um meteorito na camada alta da atmosfera a uma explosão de uma nave extraterrestre.
Outros locais de testes nucleares incluem várias localizações dos EUA, nos estados do Nevada, Novo México, Colorado e Mississippi.
Foram também realizados testes na Austrália, China, Índia, Cazaquistão, Coreia do Norte, Rússia e Paquistão, bem como na Polinésia Francesa, Kiritimati, Ilhas Marshall e, em mar aberto, no Pacífico Oriental e no Sul do Oceano Atlântico.
O Impacto Dos Testes
Os testes nucleares têm efeitos imediatos e de longo prazo causados pela radiação e pela precipitação radioativa. O aumento das taxas de cancro tem sido associado a testes nucleares, com estudos mostrando que o cancro da tiroide está ligado a radionuclídeos.
Após um teste nuclear, grandes áreas da terra permanecem radioativas por décadas. Os impactos para a saúde, de diferentes níveis de radiação, variam de náuseas e vômitos, à morte em poucos dias.
Suspeita-se que o aumento de casos de cancro, ocorridos por todo o mundo nos últimos anos, sejam um resultado dos testes nucleares efectuados entre 1945 e 1960 o que leva os cientistas a interrogarem-se o que acontecerá nos próximos anos, já que a maioria dos testes ocorreram depois de 1960.
Conclusão
Como sempre, o ser humano só pensa no presente e nunca nas consequências do futuro. Estamos hoje a sofrer o resultado de anos de testes nucleares que se realizaram por todo o mundo desde 1945 e que, infelizmente, continuam a acontecer.
O dia de hoje, serve como alerta dessa realidade, e procura criar uma consciência global do risco destes testes. Esperemos que a humanidade abra os olhos e para de destruir o seu ecossistema pois sem ele não sobreviveremos neste planeta.
O que achas destes testes? Estes “dias” servem mesmo para alguma coisa ou são apenas datas “para inglês ver”? Queremos saber a tua opinião, não hesites em comentar e se gostaste do artigo partilha e dá um “like/gosto”.
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Imagem: © CTBTO